ESGAções ESG: como ir além do lucro?

Ações ESG: como ir além do lucro?

Primeiro de tudo, vamos começar por entender o que essa famosa sigla (em inglês)  significa:
E – Environmental (sustentabilidade)
S – social (ações sociais) e
G – corporate governance
(governança corporativa).

Parece difícil, confuso, burocrático e impossível de praticar, mas ações simples resultam em grandes mudanças, e ESG é sobre isso!

Esse termo foi criado no ano de 2004, direcionado pelo Pacto Global em parceria com o Banco Mundial, chamado Who Cares Wins. Nesta oportunidade, Kofi Annan, secretário-geral da ONU na época, questionou 50 CEOs de grandes instituições financeiras sobre  o que e como essas pessoas e negócios estavam integrando fatores sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais.

Mudar o mundo têm dessas coisas: questionar o que tem sido feito, as práticas, pessoas, e também, se avaliar como ser humano. Um terreno perigoso para alguns, mas uma ponte necessária para entender algumas respostas na vida e nos negócios.

Cortando para 2022, a provocação de Annan parece ter saído do campo das ideias e finalmente está pisando em terreno fértil, o das ações. Mas afinal, por que será que as instituições estão olhando para as ações ESG agora? Te respondo: magicamente descobriu-se que somos humanos, e que talvez precisemos ir além do lucro para enxergarmos reputação e construirmos relações de confiança com as marcas. Habitante deste planeta, e ainda na qualidade de humano, por que me aliaria a empresas – seja como cliente ou funcionário – que não contribuem para o meio ambiente, fecham os olhos para questões sociais e travam o desenvolvimento na falta de boas práticas corporativas? Queremos mudar o mundo, por isso estamos nos questionando, e as empresas também.

Sem desespero, mas com pressa, as organizações estão acordando para cada uma dessas letras desta poderosa sigla. E ainda, contam com um auxílio fundamental da ONU para entender qual caminho pegar, em qual velocidade, qual direção e quais frutos colherão.
Exemplo desse empurrão e apoio da ONU, está o Movimento Elas Lideram, criado pela Rede Brasil do Pacto Global*,que foca em desenvolver a Igualdade de Gênero (ODS 5)*,  com foco em até 2030 ajudar empresas a assumirem e atingirem metas concretas pela equidade de gênero, tendo ao menos 50% de mulheres em cargos de alta liderança. O objetivo final é ter mais de 1.500 empresas comprometidas, promover 11 mil mulheres para esses cargos até 2030 e ter pelo menos 150 lideranças de alto nível engajadas com esta ambição.


Parece difícil para você desenvolver, promover, gerar negócios e ter mulheres competentes a frente desses movimentos? Kofi Annan não inventou a roda, mas aparentemente nos relembrou de utilizá-la para chegar mais rápido. Vamos de alguns exemplos:

Luiza Trajano:famosa dona do Magazine Luiza, uma das maiores empreendedoras do Brasil, não só é uma mulher milionária, de sucesso, como também é responsável por diversos projetos de cunho social, ambiental e de governança , sem deixar de lado o forte impulso de inovação e sede de ir além. Não teve muito espaço para ser a potência que é antes de empreender, mas abriu caminho fazendo de si mesma e de sua companhia um solo fértil e seguro para que mais mulheres se juntem ao time.

Sheryl Sandberg: saindo das famosas para as nem tanto, vamos falar de Sheryl! Todo mundo aqui conhece o facebook, certo? Desde 2008 ela ocupa um dos mais altos cargos nesta gigante de tecnologia. Sandberg cuida de toda a operação global, foi convidada ao facebook para ser a primeira mulher líder dentro da empresa, depois de passar pelo Google e Tesouro Americano, e ainda foi eleita pela revista Forbes como uma das mulheres mais influentes do mundo. É como se Sheryl abrisse as portas de um parque só para os meninos e dissesse: “vamos garotas, vocês também podem entrar”.


Flávia Bittencourt: a engenheira química que começou como analista de marketing em um banco, se tornou a primeira mulher a presidir a Adidas no Brasil! Com passagens por empresas como Oi, Tim, Unibanco e Sephora, escalou o “Everest” corporativo com paciência e competência, quando deu start na sua carreira em 1995. Um longo e perseverante caminho, que ainda inclui  uma vida familiar com 4 filhos. Flávia é uma prova viva de que mulheres mães não só contribuem com as empresas, como também podem comandá-las com sucesso!

Jornadas incríveis para elas, mas constantemente as empresas se perguntam: como isso também pode ser bom para nós?

Apesar da óbvia competência destas mulheres, trazê-las até aqui exige um esforço contínuo, disciplinado e comprometido de ambas as partes. É justamente nestes pontos que a ONU e organizações parceiras contribuem. Fazer acontecer projetos em ESG dentro das organizações necessita de estratégia, pessoas e investimentos, claro! Diante desses pontos, assim como reforçar de maneira insistente o que é preciso fazer, é também importante a constante lembrança  para quê colocar em prática.

Parece estranho dizer que as empresas só têm a ganhar, mas é a mais pura verdade!
Um recente relatório elaborado pela Itaú Asset concluiu que empresas comprometidas com ações ESG são mais resilientes e mais valorizadas na Bolsa de Valores. As relações com investidores se tornam mais fortes, duradouras, respeitosas e lucrativas.
A CFA Society do Reino Unido, que gera certificados ESG por todo o mundo, estimou em sua última pesquisa que 30 trilhões de dólares ativos hoje no mercado vão ser colocados em investimentos responsáveis com empresas comprometidas com ações ESG. A melhoria de desempenho financeiro é apenas um exemplo, e ainda temos diversos impactos positivos na reputação como o aumento de confiança de investidores e força de trabalho, aumenta a retenção e satisfação de talentos, uma melhor relação com imprensa e formadores de opinião, assegura transparência e diminui a possibilidades de crise de negócios e imagem.

A lista de benefícios só aumenta, para os dois lados, e talvez pela primeira vez tenhamos ao invés de uma queda de braço entre negócios e comunidade, um primeiro passo ao que faz sentido para todos: o tão sonhado equilíbrio.

 

*A Rede Brasil do Pacto Global  é a rede que mais cresce no mundo e já passou de 1.500 signatários no País. Além dos Movimentos, o Pacto Global também apresenta ao público a plataforma Observatório 2030, que vai monitorar os compromissos públicos assumidos pelas empresas.

*Garantir a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de tomada de decisão na vida política, económica e pública.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

scroll-to-top